Meu relato de parto normal
- carlassumpcaobs
- 12 de mai. de 2016
- 6 min de leitura
E aí mulherada, beleza pura ??
Hoje vim relatar a vocês como foi o parto da Maitê.

Próximo ao dia 20 de março, comecei a sentir uma dorzinha no pé da barriga acompanhada de uma pontada nas costas, nada que se deva preocupar, pensei, afinal já se aproximava a hora.
No dia 22 de março tínhamos uma consulta de pré natal, e já estávamos torcendo pra chegar lá e ouvir " você está com tantos centímetros", só queria estar dilatando, e ter passagem.
Ela estava prevista para nascer no dia 19, já estávamos no dia 22 e nada dela vir. Normal. Podemos esperar até duas semanas da data prevista.
Nessa consulta, após um chato e doloroso toque (que eu não aguentava mais fazer), ouvimos " você está com 2 cm de dilatação", felicidade me resumiu naquele momento, senti enfim que finalmente estava chegando a hora de conhecer esse rostinho lindo. Mas acompanhado dessa frase ainda tive que ouvir " ela pode nascer amanhã ou só na semana que vem ", como assim, ainda teria que esperar uma semana?
Eu me sentia um pouco cansada da gravidez, do peso da barriga especialmente, mas, não queria que aquele momento acabasse, não estava ansiosa. Passei os 9 meses me preparando para muitas coisas, especialmente para a hora do parto (que eu me acostumei a ouvir ser a pior dor do mundo).
Na segunda do dia 21, nos mudamos para casa da minha sogra, e preparamos o nosso quartinho pra receber ela, limpamos tudo e estávamos esperando de prontidão o berço dela chegar, fizemos e revisamos as malas, no fundo já sabíamos de tudo. Falávamos muito com ela, e ela sempre nos respondia com uns movimentos e nos achávamos que ela estava se acertando (mas depois descobrimos que ela estava se espreguiçando, dorminhoca).
Assim que descobrimos os 2 cm eu comecei a andar bastante pra estimular, fazer faxina etc..
As contrações ainda eram leves, como início de cólicas menstruais... A cada mudança de lua, eu sentia que poderia ser a hora , como se a natureza estivesse agindo (afinal encheram tanto a minha cabeça com isso).
Não sei se foi coisa de "pesar a consciência" e aquele comecinho de ansiedade, mas a partir da quarta do dia 23, as dores dobraram, mas eu não saia de forma alguma dos dois centímetros, idas atrás de idas ao hospital, noites e mais noites sem dormir.
Até que no dia 25 acordei as três da manhã com bastante dor, estava dormindo na casa dos meus pais, pela facilidade de chegar ao hospital, e o Matheus estava dormindo na casa do meu sogro (há uns 2 km daqui), as quatro da manhã ele acordou por milagre de Deus, e eu disse que não estava suportando tais dores, sugeri de voltarmos para o hospital, as cinco horas ele chegou aqui, acompanhado de uma tia e do meu sogro, e fomos até em casa para poder pegar a minha sogra. Fomos ao hospital e tudo que não queríamos ouvir naquele momento, nós ouvimos " você está com dois centímetros de dilatação, ainda não é o suficiente pra uma internação". A essa altura a única coisa que eu mais queria era ficar internada para ter segurança de que tudo correria bem.
Voltamos pra casa, afinal, não tinha mais o que fazer, teríamos que esperar. Quando chegamos em casa, o Murillo (nosso sobrinho de 2 anos) estava lá, pegamos as cachorras e fomos dar uma volta, porque afinal, se vamos esperar, pelo menos vamos estimular!
De frente a casa do meu sogro tem uma quadra de esportes, e resolvi andar, andar em "círculos" literalmente, dei cerca de umas 15 voltas na quadra, e foi quando as dores realmente apertaram, e olha que só se aproximavam os três centímetros. Eu já estava cronometrando as contrações para saber a frequência em que elas vinham, mas foi quando deu um sinal de sangue, e bom isso é sim um motivo pra internação, por volta de 16:30 fomos para o hospital, e dessa vez já estávamos de "dedos cruzados" para que realmente fosse a hora, afinal já estávamos esperando três dias por ela.
Chegando no hospital, era hora de mais um infeliz toque, eu realmente já não aguentava mais (porém ainda haveriam muitos, durante toda a noite), eles me disseram que estava com três centímetros de dilatação e com sangramento, e me colocaram para tomar uma bolsa de soro com buscopam para ver se eu realmente estava em trabalho de parto ativo, que se estivesse o remédio ajudaria na dilatação, e após uma hora eles voltariam para me avaliar.
Entrei no soro por volta das 17:10, porém quando deu umas 18:40 nenhum médico tinha voltado para me avaliar, então a enfermeira entrou e disse que teria que esperar a troca de plantão. Meu Deus, como eu estava incomodada com aquela situação, nada poderia explicar o quão horrível era saber se eu ficaria lá para te-lá ou não. Quase 19:40 me chamaram para ser avaliada, e finalmente, estávamos com cinco centímetros, eu realmente estava em trabalho de parto. Nesse momento só pensava que eu deveria me tranquilizar, deveria ficar em um estado de paz, porque eu não queria fazer escândalo em momento algum, e foi quando fiz uma oração, e entreguei as nossas vidas na mão de Deus e pedi pra que ele comandasse tudo dali em diante.
Fomos para sala de pré-parto, e quem me acompanhou em tudo foi a minha sogra, acho que o Matheus não teria estômago pra isso. Chegando lá, era apenas eu e a minha sogra, achei que ela seria a única no hospital naquela noite, mas, as horas iam passando e de hora em hora a médica acompanhada de dois ou três acadêmicos vinha para fazer o toque e saber qual era a dilatação, porém, eu simplesmente não estava dilatando, ficava agarrada em 1 centímetro durante horas. Com o passar das horas foram chegando pessoas e ganhando seus bebês, e eu estava lá, sem acontecer nenhum "efeito incomum". Acho que a minha sorte naquela noite foi estar com muito sono (e ter um bom e quente chuveiro por perto, isso ajuda demais), e conseguia dormir independente da dor. Em um certo ponto da noite, quando perceberam que a minha dilatação estava muito lerda, resolveram aplicar uma bolsa de soro + uma ampola de ocitocina para poder acelerar as contrações, mas aquilo parecia não me ajudar, as contrações ainda se "rastejavam" mais as dores aumentavam, esse era o objetivo, quando as contrações vinham eu parava, respirava e esperava passar. Já estava doendo MESMO! Aguentar as dores exigia concentração e determinação absurdas. Eu tendia a me contrair durante elas e isto as tornavam piores. Quando eu relaxava durante uma contração, ela passava bem mais rápida e era mais leve. Mas não é tão simples assim, chega uma hora em que você já está totalmente desesperada e cansada. Quando foi por volta das 08 horas eu já estava fraca, tive que ficar em jejum total por 17 horas, minha veia já estava roxa e fraca, tivemos que tirar o soro porque minha veia havia entupido.
Quando foi 09 horas tinha outro toque e me disseram " você está de 8 para 9 centímetros", fiquei louca, já não aguentava mais, cada segundo que se passava sentia uma dor incomparável a anterior e uma forte pressão pra baixo, por volta de umas 09:30 veio uma vontade incontrolável de ir ao banheiro, de fazer força, e as enfermeiras disseram que eu não poderia ir, porque havia uma possibilidade da Maitê nascer no vaso, que medo tão grande sentia. Neste momento, era uma mistura de cansaço, medo, força, de tudo... Queria ficar de pé, mas não tinha força na perna.
Na mesma hora coloquei a mão na vagina e senti que a cabeça da Maitê está ali, não pude acreditar, tentei olhar e Meu Deus era real, ela iria nascer. Naquele instante olhei pra minha sogra e disse " Neia a cabeça dela está aqui ", ela ficou apavorada e foi chamar os enfermeiros, segundos depois eles estavam lá, e a médica que havia passado do horário dela ainda disse " você ainda tá aqui ? Não achei que faria o seu parto" (Realmente, demorou muito).
Sentia uma ardência grande na vagina. Parecia estar pegando fogo. Eu estava deitada, e segurei na cabeceira da cama para fazer força. A bebê desceu rapidamente e agora não tinha como parar, ela queria muito nascer e tenho certeza que me ajudou muito. Fazia força entre as contrações e durante . Seguia as instruções que ouvia. Em um certo ponto disse que não aguentava mais, e a doutora pediu pra que eu olhasse, e a cabecinha dela estava lá, não dava pra desistir e nem podia.
Gritos eram inevitáveis. Fazia força, mas elas acabavam em gritos. Não lembro como, mas senti o bebê chegando, a cabeça me queimando e logo o resto do corpo me aliviando. Que sensação deliciosa e inesquecível. Me entregaram então a Maitê. UAAAAAAAAAU que alegria....
Minha filhinha no meus braços! Eu estava totalmente hipnotizada. Só queria cheirá-la, beijá-la... Nossa...Ela estava com os olhos bem abertos, arregalados e me observando também. Logo deu umas lambidinhas no meu peito. Ela estava em paz. Tudo estava em paz. Que sensação tão perfeita!
É isso amores, espero que tenham gostado e que tirem proveito da minha experiência, beijo grande e até a próxima.
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